Sundar Pichai e o seu jeito “sem graça” que o levou a ser o CEO da Google
- Jean Carvalho
- 4 de set. de 2016
- 2 min de leitura

Seu nome pode não ser muito popular, mas com certeza, Sundar Pichai é hoje um dos executivos mais poderosos do mundo. Desde 2015, quando a Google reorganizou sua estrutura de gerenciamento e Larry Page se tornou CEO da Alphabet, Pichai é o CEO da Google.
A escolha de Pichai para liderar uma das empresas mais influentes no mundo foi de grande surpresa para todos, principalmente pelo seu estilo de liderança. Bem diferente do estilo que o Vale do Silício está acostumado, com gerentes de emoções a flor da pele, entusiasmados, carismáticos e imprevisíveis, como Steve Jobs e Jeff Bezos (fundadores da Apple e Amazon.com, respectivamente), Sundar Pichai foi descrito pela revista Business Insider como um líder “boring”, traduzido para o nosso contexto como um “líder sem graça”.
Apesar de parecer uma dura crítica, a escolha da Google por um líder “boring” se mostra uma estratégia vencedora até aqui.
Um artigo da revista Inc. mostra que a Google deixou de buscar gênios de Stanford, MIT ou Harvard para cargos de liderança, e passou a buscar “boring” líderes. Mas o que significa um líder “boring”?
De acordo com a revista Harvard Business Review, um líder “boring” é uma pessoa emocionalmente estável, agradável, consciente e o mais importante previsível.
Quando um gerente é previsível, ele elimina um obstáculo para o crescimento de seus empregados: ele mesmo. Pessoas não gostam de trabalhar com um líder que pode mudar de opinião em segundos, ou é emocionalmente instável e vaidoso com sua imagem. Se imaginarmos que o gerente é um motorista de um ônibus, e os empregados são os passageiros, esses por sua vez não precisam e não querem se preocupar se o motorista do ônibus vai descer a qualquer momento ou mudar de direção sem aviso. Os empregados são mais efetivos em um ambiente consistente e seguro.
Imagine você trabalhando diretamente para Steve Jobs, Jeff Bezos ou David Rockefeller. Parece incrível, não é mesmo? Porém uma pesquisa feita pelo PhD e Professor de Psicologia Tomas Chamorro Prezumic mostra que a maioria das pessoas gostariam de ter chefes que são exatamente opostos a esses. Os entrevistados logo remeteram a imagem desses grandes empreendedores a chefes que não sabem ouvir seus empregados, são sensíveis a críticas e demonstram baixa inteligência emocional, dificultando um ambiente de trabalho saudável.
Pensemos agora em como seria um perfeito líder-robô. Desconsiderando a parte física, certamente seria um robô objetivo, claro e altruísta. Ele poderia monitorar seus membros, recompensando as atitudes de todos de forma precisa, dar feedbacks e aumentar a produtividade de todos. Suas decisões seriam tomadas de acordo com dados, e todas suas recomendações baseadas em evidências, tudo de acordo com sua programação. Em resumo, um perfeito líder-robô seria completamente previsível e “sem graça”.
Não podemos negar o legado e o sucesso que todos os empreendedores citados até aqui no texto. Jobs, Bezos e outros grandes nomes sempre tiveram uma habilidade que poucos possuem, a genialidade. Porém quando falamos de líderes efetivos para empresas, presenciamos uma realidade diferente desses nomes, presenciamos novos “Pichais”. Os líderes mais efetivos são aqueles que operam a partir de um centro estável, que se baseiam nas pessoas ao seu redor e criam um ambiente seguro e de apoio a criatividade e a produtividade.
E você? Já sabe identificar qual estilo de liderança será o melhor para você? Esse é o desafio!
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