Amancio Ortega e a liderança que transformou a Zara
- Jean Carvalho
- 15 de ago. de 2016
- 3 min de leitura

Você provavelmente já ouviu falar de Amancio Ortega, cofundador do grupo Inditex Zara. Segundo a publicação de março de 2016 da revista Forbes, o espanhol é o segundo homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 67 bilhões, atrás apenas do norte-americano Bill Gates, fundador da Microsoft.
Não queremos fazer uma ligação entre fortuna e liderança, são coisas distintas, mas sim, destacar conceitos importantes de liderança usados por Ortega.
Um artigo da Universidad Complutense de Madrid classifica o espanhol como um “líder na sombra”, destacando sua simplicidade e a maneira delicada de gestão. Segundo o artigo, enquanto a maioria dos gestores se preocupam mais com a imagem do que com as operações de suas empresas, Ortega é um líder que atua em silêncio, de forma discreta, porém com muita efetividade. Ele prefere sempre o anonimato ao aparecer em destaque nas mídias.
“Quando o líder efetivo dá o seu trabalho por terminado, as pessoas dizem que tudo aconteceu naturalmente”
Lao Tse
É difícil acreditar que uma pessoa que trabalha no mercado de moda consiga um sucesso estrondoso sem gostar de mídia nem exaltar sua imagem e publicidade. Ortega precisou agir de forma inteligente para colocar sua empresa na posição que se encontra. Ele usou uma prática que todo grande líder precisa saber usar: “Olhar ao redor”.
Amancio Ortega decidiu usar no varejo o sistema de produção mais efetivo do mundo, o Just in Time. Esse conceito surgiu no Japão, sendo o seu desenvolvimento creditado à Toyota Motor Company, na década de 50, e vem sendo muito útil para a Zara. A empresa está conseguindo superar seus concorrentes aperfeiçoando suas operações de maneira semelhante as empresas automobilísticas. Esse ganho é fruto de muita observação por parte dos responsáveis da Zara e também da ajuda direta da Toyota.
A aplicação do conceito do Just in Time (JIT) consegue reduzir o volume de estoque, propiciando maior flexibilidade ao sistema produtivo, fato esse que é de extrema importância para uma empresa que vende peças com tempo de vida curto, como por exemplo, roupas, acessórios e calçados. Esses produtos ficam obsoletos devido a moda e lançamento de coleções.
A Zara tem o desafio maior de conseguir gerir uma cadeia de suprimentos bem complexa, pois apresenta uma rede integrada entre fábricas próprias, fábricas de terceiros e uma extensa rede de lojas. Para solucionar esse problema, a empresa utiliza uma estratégia de cadeia de híbrida, em que uma parte da demanda é estável e previsível e o restante não. Os estoques são trabalhados com padrões semiacabados, e a montagem é feita somente quando ocorre uma demanda do mercado. Essa técnica de atrasar a montagem é conhecida como postponement, que é vital em qualquer mercado dinâmico.
Com a implementação do JIT, o tempo decorrido entre a concepção de uma nova peça e a sua entrega em volume comercial nas lojas é de apenas três semanas, permitindo uma oferta de uma nova coleção no início de cada estação e também durante cada estação. A rede tem a capacidade de produzir onze mil produtos ao ano, enquanto seus concorrentes conseguem lançar em média de 2 a 4 mil peças ao ano.
Todo esse resultado é consequência de um bom sistema de gerenciamento por parte do Amancio Ortega. Um grande líder consegue identificar boas oportunidades de negócio ficando atento ao que acontece à sua volta, ao mercado, ao noticiário, as redes sociais, entre outros meios, além de analisar as situações de uma forma holística e integrada, buscando conexões para obter resultados. Ortega soube ficar atento ao sistema produtivo de outras empresas, e conseguiu adaptar os conceitos para sua realidade.
É quando ensinamos ao nosso cérebro a ligar os pontos entre as várias coisas que observamos no dia a dia, que temos novas ideias, novos produtos e novos modelos de negócio.
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